Dólar tem terceira alta seguida ante real em dia de liquidez baixa com feriado nos EUA

Com cenário externo de preocupações com o Brexit, crescimento global e aumento de juros pelo Federal Reserve, a moeda avançou 0,46%, a R$ 3,8067 na venda

Na máxima do dia, a moeda foi a R$ 3,8271 |  Foto: Jose Luis Gonzalez / Reuters

 

O dólar subiu pela terceira sessão consecutiva e retomou o patamar de 3,80 reais, com o feriado de Ação de Graças nos Estados Unidos jogando o foco para as questões domésticas, em meio a um cenário externo de preocupações com o Brexit, crescimento global e aumento de juros pelo Federal Reserve.

O dólar avançou 0,46 por cento, a 3,8067 reais na venda, acumulando nesta semana valorização de 1,79 por cento. Na máxima do dia, a moeda foi a 3,8271 reais. O dólar futuro tinha elevação de cerca de 0,2 por cento.

"É o conjunto da obra. Preocupação com a cessão onerosa, reformas, composição da equipe de governo e feriado nos Estados Unidos. O investidor corre para a proteção", explicou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva, acrescentando que os investidores estão recompondo posições compradas (que apostam na alta) em dólar neste final de ano.

O volume fraco por conta da ausência de Wall Street, no entanto, foi um importante catalisador para a alta do real, já que poucos negócios têm capacidade de definir a tendência da moeda.

Na véspera, o presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), disse que poderá colocar em votação até quarta-feira da próxima semana o projeto de lei que trata da cessão onerosa no pré-sal, que poderia viabilizar um leilão de áreas de petróleo no qual a União arrecadaria bilhões de reais.

Para isso, argumentou que é preciso consenso, uma vez que a votação do projeto já estava prevista para esta semana, mas houve impasse sobre a divisão de recursos com Estados e municípios.

O futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, teria concordado com a partilha e há espaço para votação, mas o mercado quer ver o resultado antes de se antecipar à comemoração.

Nesta tarde, fonte do alto escalão da transição disse que o governo do presidente eleito Jair Bolsonaro mudará o regime de exploração do pré-sal e há dentro da equipe de transição de governo uma clara preferência pelo regime de concessão no lugar do regime de partilha.

O mercado também acompanhou as indicações para a formação do novo governo. Nesta quinta-feira, o presidente eleito Jair Bolsonaro disse que ainda não há definição sobre o futuro ministro da Educação.

Fonte informou que Rubem Novaes e Pedro Guimarães comandarão, respectivamente, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica Federal no governo Bolsonaro.

Do lado externo, seguiam as preocupações sobre o Brexit, crescimento mundial e trajetória dos juros pelo Federal Reserve, banco central norte-americano.

O dólar tinha nova sessão de baixa ante as moedas fortes e caía ante algumas divisas de emergentes, como o rand sul-africano, depois de recuar ante praticamente todas essas divisas durante a maior parte do pregão.

"Diante do cenário externo atual, acho que 3,75-3,80 reais é patamar condizente ao dólar", avaliou a estrategista de câmbio do banco Ourinvest, Fernanda Consorte, lembrando que o cenário externo está adverso para emergentes.

O Banco Central vendeu nesta sessão 13,6 mil contratos de swap cambial tradicional, equivalente à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 8,840 bilhões de dólares do total de 12,217 bilhões de dólares que vence em dezembro.

Se mantiver essa oferta diária e vendê-la até o final do mês, terá feito a rolagem integral.

 

Fonte: Reuters/DCI

Comentários