Sicredi participa de testes do Real Digital

Previsão é que as operações do piloto se estendam até março de 2024

Governos de todo o mundo implementam ou estudam a CBDC, já que durante a pandemia, a importância das ferramentas digitais ficou em evidência 

Você já ouviu falar do Real Digital? Emitida pelo Banco Central, é uma moeda alternativa com o mesmo valor do dinheiro tradicional do Brasil e está em fase de testes com 14 instituições, entre elas o Sicredi. 

Em função do interesse do Sicredi em colaborar com o desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional, promovendo inovações que beneficiem os associados, a primeira instituição financeira cooperativa do país se uniu a outros sistemas cooperativos para integrar o piloto do Real Digital. Confira, em entrevista com a consultora digital do Sicredi, Solange Parisoto, os detalhes sobre a implementação desse novo meio de pagamento. 

Dia 29/7, às 14h, Solange Parisoto, consultora digital do Sicredi, participa do debate “Economia tokenizada já é realidade?” em São Paulo, durante a Febraban Tech 2023, o maior evento brasileiro de tecnologia e inovação do setor financeiro. 

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Consultora digital do Sicredi, Solange Parisoto

O painel abordará regulação, vantagens, riscos e tendências da tokenização na economia digital, tema relacionado ao projeto do Real Digital. “Junto aos demais sistema cooperativos, formamos um consórcio e somos pioneiros na intercooperação do Real Digital. Estamos dedicados a essa iniciativa e apresentaremos esforços que vão além do que é exigido no escopo regulatório”, revela Solange.  

 

Para chegar à proposta que possibilitou estar entre as instituições que realizam testes no ambiente do Real Digital, o Sicredi contou com a parceria com a Avanade, líder em soluções inovadoras em tecnologia e negócios. “Fomos convidados pelo Sicredi, para juntar-nos a uma jornada já iniciada há algum tempo, de pesquisa e experimentação. Iniciamos com capacitação e novos modelos de negócio e em menos de dois meses o Sicredi já estava entre os principais atores nacionais do Sistema Financeiro Nacional”, destaca Courtnay Guimarães Jr., diretor de estratégia de negócios digitais da Avanade Brasil e colaborador voluntário do projeto Real Digital, junto ao Banco Central. 

 

O que é o Real Digital? 

Solange: É uma moeda alternativa com o mesmo valor do nosso dinheiro tradicional no Brasil. Será uma Central Bank Digital Currency, conhecida pela sigla CBDC, que nada mais é do que uma moeda digital emitida pelo Banco Central de um país, portanto, é diferente das criptomoedas, que têm uma gestão descentralizada. Governos de todo o mundo implementam ou estudam esse novo meio de pagamento, já que recentemente, durante a pandemia de Covid-19, a importância das ferramentas digitais ficou em evidência. 

 

Como está o processo de implantação da nova moeda? 

Solange: O Banco Central planeja lançar até 2024 o Real Digital. Por enquanto, 14 instituições, entre elas o Sicredi, participam da fase de testes, a qual funciona por meio de transações e clientes simulados. Essa etapa é chamada de Piloto RD, cujo objetivo é testar a infraestrutura e a privacidade das informações que transitam pela plataforma de operações do Real Digital. Em função do nosso interesse em colaborar com o desenvolvimento do Sistema Financeiro Nacional, promovendo inovações que beneficiem os associados, nos unimos a outros sistemas cooperativos para integrar o piloto do Real Digital. 

 

Que transações poderão ser feitas pelo Real Digital? 

Solange: Inicialmente o Real Digital vai servir para compras, pagamentos, transações e investimentos com foco no atacado, mas a partir das evoluções proporcionadas pelos testes, há a perspectiva de impacto também no varejo. Uma CBDC de atacado é voltada apenas para transações de elevados valores, normalmente entre grandes empresas e instituições financeiras. Já uma CBDC de varejo vem para atender às necessidades de pagamento e liquidação de pessoas e empresas de todos os portes, podendo ser utilizada para pagamentos e para operações financeiras cotidianas em quaisquer faixas de valores por meio de um token, mas como comentado, ainda há uma caminhada para essas soluções chegarem à população. 

 

Quando estará disponível para correntista? 

Solange: A previsão do Banco Central é que a fase de testes vá até março de 2024. A partir das evoluções da fase piloto, haverá mais precisão quanto à chegada aos correntistas.  

 

Quais as diferenças com o Pix? 

Solange: O Real Digital é a versão digital da moeda brasileira, não é uma operação eletrônica. Vai funcionar em conjunto com os atuais meios de pagamento disponíveis à população, entre eles o Pix, que é uma tecnologia para transações instantâneas limitadas que atende ao varejo e é usada por pequenas empresas, pessoas físicas e empreendedores. O Real Digital poderá ser movimentado da mesma forma que se movimenta dinheiro atualmente nas instituições financeiras, tendo a política monetária como base de sustentação de seu valor, assim como permitirá a tokenização de ativos para dinamizar sua movimentação. 

 

Como vai funcionar? 

Solange: O dinheiro digital não vai ser convertido em cédulas. No caso do varejo, o correntista vai receber um código emitido pelo Banco Central indicando os valores. Entre as vantagens apresentadas como objetivos, estão a redução do uso de papel, a utilização do dinheiro em qualquer lugar do mundo, sem necessidade de convertê-lo, e o combate a crimes como a lavagem de dinheiro, uma vez que o sistema vai permitir que as operações sejam rastreadas. 

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