Caso Bernardo - Em quarto dia de juri sessão se estende e termina só depois da meia noite
Acusação e defesa tiveram quatro horas cada para promover os debates
Foto: Marcio Daudt/TJ-RS
O quarto dia do julgamento do Caso Bernardo foi também o mais longo da semana no Fórum de Três Passos. Depois de acusação ter quatro horas para pedir condenação dos réus, advogados de defesa tiveram outras quatro horas – uma para cada representante – para fazer suas explanações. A sessão foi prolongada até pouco mais de meia noite e será retomada na manhã dessa sexta-feira, quando o júri popular deve chegar ao fim.
A primeira defesa a falar foi a de Leandro Boldrini, com o advogado Ezequiel Vetoretti. O representante do réu criticou a cobertura que o caso recebeu nos últimos anos, que teria mostrado seu cliente como um “monstro”. Da mesma forma, rebateu algumas das testemunhas, que afirmavam, por exemplo, que Leandro não ligava para o filho. Ainda disse que ele, de fato, “não era um bom pai”, mas que tinha amor pelo filho, e que não chorou no julgamento e em depoimentos anteriores por ser uma pessoa fria. “Leandro é inocente e tem que voltar aqui para seguir salvando vidas como sempre fez na região. Ele é inocente”, declarou aos jurados.
O advogado de Graciele Ugulini, Vanderlei Pompeo de Mattos, admitiu que sua cliente é culpada pela morte do enteado, mas disse que seu crime foi culposo e não doloso. "Eu defendo uma ré confessa mas não nos termos do MP", disse, ao defender que fato teria sido acidental. “A confissão da Graciele contribuiu para a investigação”, disse o representante da acusada. Falou ainda que não defendia a sua inocência, mas que não poderia concordar que fosse um homicídio doloso.
A defesa de Edelvânia Wirganovicz se dividiu entre seus dois advogados: Gustavo Nagelstein e Jean Severo. “Essa situação desse júri ter demorado cinco anos pra ser realizado não condiz com o que entendo por justiça”, começou Nagelstein. Já seu colega protagonizou um dos momentos mais chamativos da noite. “Isso aqui é a denúncia do MP, mas pra mim é uma AK-47, uma pistola automática que detonou a vida de duas pessoas (Edelvânia e Evandro)”, começou dizendo. Em seguida, chamou a cliente ao meio do salão do júri e se referiu a ela como “lixo”, em forma de crítica a como ela supostamente vem sendo tratada. A ré chorou, disse que errou, que queria pagar pelo seu crime e tentou inocentar o irmão Evandro. O advogado pediu a condenação dela por ocultação de cadáver, mas a absolvição do homicídio.
O último a falar foi Luiz Geraldo Gomes, advogado de Evandro Wirganovicz. “Esse processo está tapado de erros. Esse processo é um mar de equívocos”, disse o representante do réu. Durante sua fala, ele e disse Evandro era um “estranho no ninho” no caso e falou sobre o que considera ser uma falta de provas da participação do seu cliente na morte de Bernardo. De acordo com Gomes, não há elementos como interpretação telefônica ou imagens que liguem Evandro aos envolvidos, além da comprovação de que o réu tenha recebido dinheiro.
A sessão terminou depois da meia-noite. Ela será retomada na manhã de sexta-feira, às 9h, quando deve iniciar o último dia do julgamento. Serão ouvidas a réplica da acusação e a tréplica dos advogados dos réus, duas horas para o MP e duas horas para as defesas – 30 minutos para cada. Em seguida, os jurados que formam o Conselho de Sentença devem ir para a sala secreta para responderem quesitos para cada um dos crimes. Eles entregam as respostas à juíza, que dosa a pena, redige a sentença e a emite.
Fonte: Correio do Povo