Boate Kiss - STJ acata recurso parcialmente e julgamento dos réus vai a júri popular
Por unanimidade, Sexta Turma decidiu acatar recursos do (MP) e da Associação dos Familiares de Vítimas da Tragédia
Tragédia deixou 242 mortos e mais de 600 feridos em 27 de janeiro de 2013 | Foto: Mauro Schaefer/Correio do Povo
A Sexta Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ), por unanimidade, acolheu nesta terça parcialmente os recursos do Ministério Público (MP) e da Associação dos Familiares de Vítimas da Tragédia de Santa Maria (AVTSM) reconhecendo os indícios de dolo eventual, o que direciona o julgamento para o Júri Popular. O pedido de reconhecimento das qualificadoras foi negado.
O relator, ministro Rogerio Schietti Cruz, deu parcial provimento ao recurso para reconhecer os indícios de dolo eventual e determinar o prosseguimento do processo perante o Tribunal do Júri em Santa Maria. No entanto, o relator não reconheceu as qualificadoras de motivo torpe por ganância e meio cruel, pois as circunstâncias que as caracterizam já foram consideradas como indícios de dolo eventual.
Para o ministro Nefi Cordeiro, que acompanhou integralmente o voto do relator, apenas a certeza da inexistência do dolo permitiria afastar o júri popular, o que não ocorreu neste caso. Já o ministro Antonio Saldanha Palheiro esclareceu que a Sexta Turma não está deliberando se houve ou não o dolo, mas sim se há indícios suficientes. A decisão sobre a existência ou não do dolo deve ser do Júri Popular. Ele também acompanhou integralmente o voto do relator.
A ministra Laurita Vaz destacou que a tragédia de Santa Maria teve terríveis consequências e sofrimento. Para ela, a acusação é plausível e tem fundamentos suficientes para ser submetida ao seu juízo natural, que é o Tribunal do Júri. Ela também votou com o relator.
O incêndio, ocorrido em 27 de janeiro de 2013, deixou 242 mortos e mais de 600 feridos. Dois ex-sócios da casa noturna e dois integrantes da banda que se apresentava na noite da tragédia são os réus no caso.
STJ/Correio do Povo