Grande Mídia esconde áudio-bomba de Deltan e celebra fim da Previdência
Foto: ABr | Lula Marques
A mídia conservadora voltou a atuar como um bloco, um rolo compressor de propaganda contra os interesses do país e praticamente ignorou, nas últimas 24 horas, o áudio-bomba de Deltan Dallagnol. Toda ela está inteiramente voltada para a pressão final sobre o Congresso com o objetivo de viabilizar o fim da Previdência Social tal como concebida pelos constituintes de 1988.
Nem mesmo a Folha de S.Paulo, que foi censurada em 28 de setembro de 2018, a 12 dias das eleições, pela decisão de Luiz Fux, do STF, deu qualquer destaque -o aúdio mereceu apenas uma notinha. O Jornal Nacional ignorou completamente o assunto.
Desde o começo da semana, há só um tema para a mídia conservadora, o mercado financeiro e as elites do país: a possibilidade de aprovar o projeto de quase extinção da Previdência Social no Brasil. Eles esfregam as mãos, esperando a aprovação em primeiro turno nesta quarta-feira (10). Para isso, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, estabeleceu um regime de censura na Casa: manifestantes estão vetados nas galerias e impedidos de circular em áreas próximas ao plenári e até deputados de oposição estão proibidos de segurar faixas e cartazes contra a medida durante a votação -uma medida quase sem precedentes.
A pressão é brutal, a máquina de propaganda só se iguala, na história, à que funcionou para o golpe contra Dilma e a perseguição a Lula. A transferência do patrimônio nacional da Petrobrás para grandes grupos internacionais e a dos trilionários fundos da previdência pública para os bancos são os dois pontos-chave de toda a ofensiva da elite desde a derrota eleitoral de Aécio Neves em 2014.
Há um requinte de crueldade em toda esta pressão. Quem a executa? Os proprietários da mídia conservadora e os jornalista pagos a peso de ouro, os protagonistas do mercado financeiro, os rentistas, os parlamentares de direita e extrema-direita, a cúpula do governo Bolsonaro e do Judiciário: nenhum deles precisa da Previdência Social para se aposentar. Para eles e suas famílias, não haverá qualqer prejuízo com o fim do sistema de seguridade social inaugurado em 1988. Todo o prejuízo recairá sobre as costas das camadas médias e dos pobres do país.
A mensagem das elites é clara: "faremos a reforma que o país precisa liquidando com o futuro de vocês".
Enquanto isso, as revelações bombásticas do Intercept e da Vaza Jato ficam relegadas a notas de rodapé - se tanto.
Mauro Lopes, editor do 247