MP catarinense já prendeu 18 prefeitos bolsonaristas por corrupção

As prisões ocorreram apenas em um ano, por conta da Operação Limpeza Urbana, que investiga fraudes em licitações no serviço de limpeza das cidades.

Em um ano de investigação, MP de SC já prendeu 18 prefeitos bolsonaristas por corrupção | Foto: Divulgação

“Ninguém do Nordeste e todos da extrema direita bolsonarista”. Assim definiu a presidenta do PT, deputada federal Gleisi Hoffmann (PR) em seu perfil na rede X sobre a prisão do 18° prefeito de Santa Catarina em um ano e dois meses de investigações de corrupção e fraudes em licitações no serviço de limpeza das cidades, no âmbito da Operação Limpeza Urbana.

Ari Bagúio (PL), prefeito de Ponte Alta do Norte, foi preso em Florianópolis na última sexta-feira, 26. Ele é o segundo prefeito preso em três dias da operação. A cidade fica no oeste do estado e tem 3,2 mil habitantes. Além de Ari, dois filhos e um secretário municipal também são investigados.

Na última quarta-feira, 24, o prefeito de Barra Velha, Douglas Elias Costa (PL), foi preso por agentes do Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas (Gaeco), do Ministério Público de Santa Catarina (MPSC).

Responsável pela operação Limpeza Urbana, o Gaeco apura crimes de associação criminosa, corrupção passiva e concussão, “orquestrados e supostamente praticados por agentes políticos e particulares”.

As prisões dos outros 16 prefeitos vem ocorrendo desde 2022 no âmbito da operação Mensageiro, que também investigou esquema envolvendo corrupção em contratos de limpeza urbana em cidades de várias regiões do estado de Santa Catarina. De acordo com o MPSC, a organização criminosa atuou durante oito anos, de 2014 até 2022.

O jornal O Globo publicou a lista dos prefeitos presos:

Ari Bagúio (PL), de Ponte Alta do Norte
Douglas Elias Costa (PL), de Barra Velha
Luiz Henrique Saliba (PP), de Papanduva
Antônio Rodrigues (PP), de Balneário Barra do Sul
Antônio Ceron (PSD), de Lages
Vicente Corrêa Costa (PL), de Capivari de Baixo
Marlon Neuber (PL), de Itapoá
Joares Ponticelli (PP), de Tubarão
Luiz Carlos Tamanini (MDB), de Corupá
Deyvisonn de Souza (MDB), de Pescaria Brava
Armindo Sesar Tassi (MDB), de Massaranduba
Adriano Poffo (MDB), de Ibirama
Adilson Lisczkovski (Patriota), de Major Vieira
Patrick Corrêa (Republicanos), de Imaruí
Luiz Divonsir Shimoguiri (PSD), de Três Barras
Luiz Antonio Chiodini (PP), de Guaramirim
Alfredo Cezar Dreher (Podemos), de Bela Vista do Toldo
Felipe Voigt (MDB), de Schroeder

Ainda segundo o jornal, o esquema funcionava quando pessoas interessadas em prestar serviço de limpeza urbana eram “direcionadas pelos agentes públicos investigados para que contratassem escritórios de contabilidade previamente determinados”.

Em seguida, “era imposta a contrapartida ilícita de pagamento de 10% dos valores que eles recebiam do município”, que seriam pagos a título de vantagem indevida mensal.

Dessa forma, parte do dinheiro pago pelo município aos contratados para limpar a cidade voltava para os próprios agentes púbicos investigados, resultando em enriquecimento ilícito, em torno de R$ 100 mil.

O começo de tudo

Em 2020, na Operação Et Pater Filium, o prefeito de Bela Vista do Toldo, Adelmo Alberti, fez um acordo de colaboração premiada. Ele afirmou que a empresa Serrana Engenharia, hoje chamada Versa, tinha um esquema de corrupção na sua cidade.

O MPSC abriu então nova frente de investigação. De acordo com o Uol, um dos alvos da Operação Mensageiro foi o grupo empresarial Versa e o empresário Odair Manrrich. “Ele confessou pagar propinas a vários prefeitos do estado em troca de serviços de limpeza urbana”, disse o Uol.

Em dezembro de 2022 Manrrich foi preso e em sua delação premiada foi possível identificar outros esquemas de corrupção feitos pela empresa em conluio com prefeitos no estado, segundo o Uol.

Até julho, segundo o Uol, 20 municípios haviam sido alvo da operação Mensageiro que alcançou empresários, políticos, operadores e servidores com 40 mandados de prisão e 232 ordens de busca e apreensão.

Em novembro de 2023, a 5ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de SC condenou todos os 14 réus do núcleo empresarial por crime de organização criminosa na Operação Mensageiro. Em Itapoá, mais 10 pessoas foram condenadas em setembro. Entre elas, o prefeito, Marlon Neuber (PL), segundo o Uol.

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