Saúde - Hospitais adotam restrições e cancelam transplantes para ampliar vagas para Covid-19 no RS
Embora a estrutura tenha sido ampliada em 74,7% durante a pandemia, o aumento de hospitalizações de pacientes com COVID-19 ameaça a capacidade do sistema de saúde
Foto: Montagem Rio FM | Imagem Google Imagens
Os hospitais do Rio Grande do Sul se aproximam de um esgotamento no número de leitos de terapia intensiva. Embora a estrutura tenha sido ampliada em 74,7% durante a pandemia, o aumento de hospitalizações de pacientes com COVID-19 fez com que algumas instituições adotassem medidas como o cancelamento de transplantes e limitação de cirurgias não urgentes.
fez com que algumas instituições adotassem medidas como o cancelamento de transplantes e limitação de cirurgias não urgentes.
De acordo com o governador Eduardo Leite, os hospitais gaúchos tinham 933 leitos de UTI em março. O sistema foi ampliado com mais 697 vagas, totalizando 1.630 leitos de UTI em julho.
O problema foi que, mesmo com o avanço na oferta, a demanda também cresceu.
Segundo Leite, em maio, o estado mantinha a taxa de ocupação de UTI adulto em 70%, dos quais cerca de 18% eram de pacientes com coronavírus. Nesta segunda-feira (20), a ocupação chegou a 77,4%, sendo que 45,3% é de pessoas com Covid-19 ou outra síndrome respiratória aguda grave.
“Não esgotamos porque houve um esforço coletivo. Mas, se continuar crescendo, não haverá ampliação suficiente para atender a todos. Por isso, a gente reforça o pedido de engajamento ao distanciamento social”, alerta o governador.
A Secretaria Estadual da Saúde explica que não é possível fazer apenas a ampliação dos serviços de saúde com estrutura física e respiradores. Para o atendimento de pacientes com Covid-19, é preciso de equipes capacitadas para este tipo de atendimento e medicamentos específicos para anestesia.
O objetivo, segundo o governador Eduardo Leite, é habilitar mais 279 leitos SUS e alcançar 104% de aumento.
Neste fim de semana, o estado teve que comprar do Uruguai, por meio do Ministério da Saúde, remédios utilizados para sedação, analgesia e bloqueio neuromuscular em cirurgias e na intubação de pacientes com casos graves. Foram adquiridas 20,08 mil unidades de Propofol 10 mg (20 ml), 17,7 mil de Propofol 1% (20 ml), 1 mil de Propofol 1% ( 50 ml) e 4 mil de Priaxim, que serão repassadas a 38 hospitais.
Segundo Leite, em maio, o estado mantinha a taxa de ocupação de UTI adulto em 70%, dos quais cerca de 18% eram de pacientes com coronavírus. Nesta segunda-feira (20), a ocupação chegou a 77,4%, sendo que 45,3% é de pessoas com Covid-19 ou outra síndrome respiratória aguda grave.
“Não esgotamos porque houve um esforço coletivo. Mas, se continuar crescendo, não haverá ampliação suficiente para atender a todos. Por isso, a gente reforça o pedido de engajamento ao distanciamento social”, alerta o governador.
A falta dos medicamentos do chamado kit intubação provocou bloqueio de leitos e cancelamento de atendimentos nas últimas semanas.
“A rede assistencial do estado foi toda estruturada desde o início da pandemia para que os gaúchos tenham todo o cuidado necessário para enfrentar e se recuperar da doença, mas não conseguiremos vencer o coronavírus sem esses medicamentos”, destaca a secretária Arita Bergmann.
Com ocupação acima de 95%, Clínicas suspende transplantes
Na Capital, 92,1% dos leitos de UTI estavam ocupados na tarde desta segunda. Eram 269 pacientes com Covid-19 e mais 41 suspeitos. Há um mês, por exemplo, havia 91 pacientes, o que representa um crescimento de 195%.
O Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA), principal referência do atendimento à Covid-19 no estado, mantém uma média de ocupação do Centro de Tratamento Intensivo (CTI) entre 95% e 98%. Nesta segunda, o CTI-Covid tinha 91 pacientes para 93 leitos.
Isto implica, segundo a direção do HCPA, na impossibilidade de receber novos casos, pois é preciso que estejam disponíveis leitos para urgências de pacientes que já estão internados.
Ao mesmo tempo, estavam cadastrados 41 pedidos por leitos de CTI-Covid no Sistema de Gerenciamento de Internações (Gerint). Com isso, a admissão de pacientes de outros hospitais da rede é impossibilitada, o que agrava a condição clínica deles.
Considerando este contexto, o HCPA passou ao nível de contingência 4 do Plano de Contingência Coronavírus. Isto representa o fechamento de mais salas no Bloco Cirúrgico e Centro Cirúrgico Ambulatorial, limite de cirurgias e procedimentos por dia, mesmo que essenciais, suspensão de todos os transplantes não urgentes, convocação do corpo clínico para atuação conforme necessidade assistencial e fechamento das associações internas que funcionam no hospital.
'Cenário crítico'
A Associação Hospitalar Vila Nova é uma das instituições que utilizam o Clínicas como referência em UTI. São 66 leitos clínicos de internação de média complexidade para tratamento contra o coronavírus, dos quais 63 estão ocupados com pacientes suspeitos ou confirmados com a doença.
Caso algum deles precise ser remanejado para o HCPA, para atendimento de urgência, pode encontrar dificuldades em encontrar leito disponível.
"O cenário é bastante crítico com a possibilidade de esgotamento no atendimento a pacientes e de desgaste dos nossos profissionais de saúde, diante da demanda excessiva nas últimas semanas”, afirma o presidente Dirceu Dal’Molin.
Segundo ele, o momento é crucial para que a população de Porto Alegre e da Região Metropolitana mantenha o isolamento social, evite o colapso do sistema de saúde e afaste a adoção de medidas de circulação ainda mais restritivas.
Santa Casa suspende transplantes por 15 dias
O Hospital Santa Casa de Misericórdia, de Porto Alegre, suspendeu desde quinta-feira (16), por 15 dias, os transplantes na instituição. Serão mantidos apenas transplantes de urgência.
"Será importante para preservarmos os nossos profissionais e vermos nossa capacidade em termos de cuidado desses pacientes", destaca o diretor médico da Santa Casa, Antonio Kalil.
A previsão é que deixem de ser feitos de cinco a seis transplantes por semana no hospital. Segundo ele, desde o início do ano foram realizados 142 transplantes, contra 125 no mesmo período do ano passado.
A UTI de transplantes está com ocupação atual de 90%. Em relação à UTI Covid, dos 48 leitos, 46 estavam ocupados no dia da suspensão dos transplantes.
Fonte: G1.com/RS